"Não sou este corpo que possui um espírito, mas sou o Espírito que fala por este corpo."

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Nosso Refúgio


O Nosso Refúgio



No domingo do dia 5 de julho de 2009, fui à reunião pública do Ana Viana pela manhã, como de costume.

Juliana dormiu no meu apartamento, mas não manifestou interesse em ir para Casa Espírita neste dia, alegando uma falta de vontade sem motivo fundado.

Fomos somente minha mãe e eu, de ônibus. Subindo a ladeira que leva ao Centro, lembrei-me de Vitor e das diversas vezes que subi por aquele mesmo caminho junto dele. Na noite anterior, bem como em outras faixas do dia pretérito, a lembrança nele foi mais acentuada do que o normal, pensamento este que me seguiu durante toda parte da palestra daquela manhã, direcionado a ele, de forma mais e menos focada na sua imagem, porém de um modo sempre constante.

Por alguns instantes da reunião pública, senti os olhos levemente molhados, mas nada que não pudesse ser controlado até ali. Uma senhora sentou-se ao meu lado, perguntando antes se o lugar estava vago, no momento que lhe respondi notei que se tratava de uma integrante do grupo de estudo mediúnico e por alguns segundos passaram pela minha cabeça trechos da figura daquela senhora conversando conosco, nas vezes em que eu participei de tal reunião. Ao final da palestra,os trabalhos de passe iniciaram-se normalmente, sendo que demorei a ir para fila da cabine, em vista das crianças que desceram e ficaram por vários minutos ocupando o corredor à espera do tratamento energético. Ao ver as crianças,lembrei de Gabriel e de como seria importante para ele estar ali, a fim de ajudar no controle da sua rebeldia e do seu comportamento por vezes atrevido.

Como eu estava numa das fileiras finais do salão aguardei minha vez, porém esperava de um jeito contemplativo, fitava o chão e os pensamentos iam até Vitor cada vez mais. Quando fui até a fila no corredor, sentia-me consideravelmente emocionado, mas acreditava que poderia controlar a situação e, de certa forma, pude controlar por mais esta vez. No entanto, bastou que eu entrasse na cabine e sentasse numa das cadeiras para que algo tomasse conta de todo o meu controle e não mais me permitisse exercer o domínio daquela situação, tive então o rosto acarinhado por diversos caminhos de lágrimas que desciam aos montes, rolando pela minha face. Não pude conter, experimentei enxugar um dos olhos com a mão, temendo que minha mãe, que estava também na cabine na condição de passista, percebesse o meu descontrole emocional. Em vão. Ao se encerrar o passe, dei um forte suspiro ainda em prantos, mas consegui me levantar, percebi, contudo, que minha mãe olhava com alguma aflição para mim. Senti que o coração batia forte, a carga de energia foi sentida por mim como nunca antes, retornei para o mesmo lugar do lado de fora da cabine aguardando a parte final dos trabalhos.

Fui me acalmando cada vez mais, ainda um tanto assustado com aquela descarga de sentimentos, as últimas pessoas foram retornando para as fileiras e Gleize já se preparava para fazer a prece de encerramento. Foi então que fui invadido por alguns questionamentos do tipo: “Como será o restante da minha vida sem ele? Como será quando me formar e quiser contar para ele? Como será quando me casar e quiser que ele esteja comigo?” Daí, imediatamente após estas perguntas passarem pela minha cabeça, aquela senhora que havia pedido para sentar ao meu lado no início da reunião, cutucou-me e disse:

- Desculpe-me, mas eu senti agora uma forte intuição para te dizer uma frase: Jesus é o nosso refúgio.

Balancei a cabeça positivamente, ainda incapaz de ter a real noção do que estava acontecendo, apenas abaixei o rosto, a prece final foi iniciada e sem conseguir raciocinar muito, dada à rapidez com que tudo ocorreu, só pude lembrar de dizer mentalmente: “Obrigado!”.

Naquele mesmo dia, mais um fato inesperado ainda iria acontecer, passei o restante da tarde na casa de Juliana, e à noite, quando fui para casa, soube que minha mãe tinha ido para outra reunião, no Centro Galiléia. Lá pelas 20hs ela chegou ofegante para me contar que uma das colaboradoras desta Casa havia recebido uma comunicação direta e identificada por Vitor. Empolgado, perguntei a ela maiores detalhes, porém a pessoa que passou o aviso falou rapidamente, estava em caminho a um outro compromisso, o que não permitiu que concluísse a notícia. Ficou combinado então dela ligar no dia seguinte, para saber os pormenores de tão esperada comunicação.

Minha mãe ligou na segunda-feira, na parte da noite. Rita é o seu nome, não conseguimos falar com ela no primeiro telefonema, sendo que minha mãe retornou e as duas conversaram por longo tempo. Acompanhei ansioso, guardando o fim da conversa sem apreçar, para que então pudesse ouvir e tomar nota de todo o recado.

A Rita informou que viu a última foto que fiz para meu irmão e expus na internet, uma montagem em tamanho 20x25, com várias fotos e expressões dele e com o seu grande sorriso como plano de fundo. Uma foto realmente tocante. Ela disse que ficou de certa forma envolvida com a foto, isto foi no domingo, 21/06, dia do meu aniversário. Na segunda seguinte, 22/06, ela foi para reunião mediúnica da Casa Galiléia, reunião esta que ela coordena.

Durante os trabalhos daquele dia, informou que o Vitor comunicou-se por meio de uma médium, que nem minha mãe e nem eu conhecemos. Identificou-se, disse sentir muita saudade, saudade que oscila entre momentos de maior e menor intensidade, assim como em nós, mandou um aviso para mim, diretamente, para eu não desistir da minha saúde, não adoecer, segundo a Rita, ele mostrou-se ainda muito preocupado comigo e com meu pai.

Citou num determinado momento que “deveria ter ouvido mais o irmão” pensei que talvez estivesse se referindo ao dia do acidente, lembro vagamente de ter dito para ele não ir no carro, este também foi o pensamento da Rita, que conversando com ele retrucou: “Mas você não sabe que as coisas eram pra acontecer?

Ele continuou falando de mim, disse que eu sou um irmão muito “maneiro”, a Rita informou que nesse momento ele usou uma gíria, e ela não lembra se a palavra exata foi “maneiro”, acredito que possa ter sido “parceiro”, que ele também usava muito.

Perguntada se ela daria o recado para nós, Rita respondeu que sim, incluindo para ele que nós estamos sempre rezando e fazendo pequenas homenagens, indagou então se ele recebia tais direcionamentos feitos por nós. Vitor respondeu que sim, que recebe a tudo.

Ao que parece, esta comunicação foi mais direcionada para minha pessoa, o que me fez sentir muito feliz e agradecer muito a Deus por tal providência. Ao final, segundo Rita, Vitor disse que me admira muito e que gosta muito de mim.

Cabe agora traçar alguns apontamentos do que conclui, a partir de toda a situação. Creio que Vitor sentiu as fortes emanações que emiti no dia do meu aniversário, emanações em forma de pensamento, de modo que ele intensificou estas energias por também ter se recordado da data. A médium Rita, ao ver a foto, pensar sobre mim e na forma que demonstrei o meu sentimento, fez a sintonia necessária que foi se fortificando ao longo das horas até chegar à reunião, já que ela afirmou que ficou com a foto e com a minha lembrança na memória, criou-se assim o campo favorável para a comunicação.

Ademais, pode ser que a reunião do Centro Galiléia tenha sido escolhida por se tratar de uma reunião imparcial, isto é, sem restar dúvidas quanto à indução ou pressão por parte dos integrantes, já que minha mãe visita esta Casa apenas esporadicamente. Com a carência de afinidade maior com o grupo do Ana Viana o episódio do Galiléia se encaixou como uma excelente oportunidade quando Rita viu a foto e estabeleceu a ligação necessária.


Raphael V. Tavares


Um comentário:

  1. Oi Raphael,
    Achei seu blog através do orkut. E é engraçado como Deus usa as pessoas para nos falar algo. Eu vivo em conflito com meu irmão desde q éramos crianças, mais nunca havia pensado na possibilidade de perede-lô, e o seu texto me trouxe isso de maneira intensa, não sei como seria não ter ele ao meu lado...q seu coração seja confortado e que vc siga em frente realizando todos os seus sonhos e dando assim alegrias a sua família.

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O mal é a ausência do bem, assim como a escuridão é a ausência da luz.
Desta lógica, um dia será inadequado usar a palavra “morte” para falar da situação dos que já se foram, pois que a morte é a ausência da vida, mas aqueles que partiram ainda vivem, numa vida paralela a nossa!