Adeus ano velho
Tirava um cochilo depois do dia despendido na praia, ainda sonolento nos primórdios do despertar, fui surpreendido com bitocas estaladas no rosto, risinhos e sussurros que o torpor do sono não me deixou decifrar. Era ela, a princípio demorei a acreditar, talvez eu ainda estivesse sonhando, ela sorria e a sua pele corada dava um charme a mais ao rosto delicado.
Apresentava um maravilhoso bom humor e logo depois deu levantar me presenteou com um sanduíche de queijo quente, que saboreei acompanhado de um café que minha mãe havia acabado de passar.
Apresentava um maravilhoso bom humor e logo depois deu levantar me presenteou com um sanduíche de queijo quente, que saboreei acompanhado de um café que minha mãe havia acabado de passar.
De repente tudo voltou a fazer sentido e ela estava ali, tão perfeita!
Até que, por infortúnio, algum assunto saltador surgiu entre nós, ela queria uma coisa eu queria outra, uma opinião contrária, uma pergunta mal formulada, uma ideia mal interpretada. O encanto então quebrou-se.
Até que, por infortúnio, algum assunto saltador surgiu entre nós, ela queria uma coisa eu queria outra, uma opinião contrária, uma pergunta mal formulada, uma ideia mal interpretada. O encanto então quebrou-se.
O gelo voltou, o sorriso secou, poucas palavras trocadas até a noite cair de vez e ela decidir deitar-se, rígida, não deu sequer um "estalinho" de boa noite.
Depois de algum tempo meus pais e tios também foram se deitar, após beberem algumas dúzias de latinhas, ouvirem várias considerações exageradas do meu pai e após várias tentativas de panos quentes por parte da minha mãe.
Ouvi algumas pessoas dizendo que havia um show acontecendo na praia do centro da cidade. Minha mãe afirmava que se meu irmão estivesse aqui certamente ele estaria por lá. Eu estaria com ele? Talvez.
Já era madrugada do último dia do ano, me vi na sala tendo como companhia um livro que terminava e o meu enteado que já roncava no colchonete esticado. Coloquei o menino pro quarto, bebi um copo d'água e fui dormir, não sem antes ficar cerca de meia hora pensando nos últimos acontecimentos do ano e nas coisas que quero realizadas no ano que está por vir. Mesmo a contragosto, reconheci que tenho muito mais a agradecer do que a pedir, o ano que passou foi muito bom e importante em todos os sentidos. Tenho a nítida sensação de que um dia ainda sentirei falta de tudo isso, como hoje sinto falta das coisas poucas e boas que não atravessaram o tempo até aqui.
O verão já havia se acomodado e não fazia mais nenhuma cerimônia, dezembro se despedia, enquanto janeiro chegava com as promessas e projetos comuns. Alguma coisa que sempre acontece nessa época fazia com que o meu saudosismo aumentasse e eu lutava para manter os meus batimentos sem aquele tom melancólico. No quarto meu pai roncava, minha esposa suspirava, e eu chegava ao final desse curto balanço anual, concluindo então que o ano novo aproximava-se com lembranças e saudades que já vem se tornando velhas.
Para o próximo ano não quero dinheiro, nem prosperidade, é claro eles serão muito bem vindos, mas o que quero mesmo é muita, muita serenidade. Feliz 2012!
Raphael V. Tavares
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