Ainda com pouca idade,
Aprendi cruel verdade,
Que existem coisas na vida,
que não se pode mais mudar.
Queria poder crer,
feito criança acredita em história,
Que tudo vai acontecer de novo,
que não vai ficar só na memória.
Que eu vou te ver chegar correndo,
se jogando no sofá.
Que eu vou te ver assistindo um jogo,
te ouvir quando gritar.
Que eu vou escutar um papo novo,
desses papos de muleque-rapaz.
E mais tarde nós vamos jogar bola,
naquela rua de trás.
Que eu vou te ver pulando o muro,
se atirando na piscina.
Com seu jeito despreocupado,
esse teu jeito que me fascina.
Que eu vou te ver pequenino,
te proteger do mundo afora.
Que eu vou te buscar no colégio,
vou esperar a sua demora.
Que eu vou te abraçar de madrugada,
quando o sono for embora.
Que eu vou te observar com as mãos juntinhas,
enquanto você ora.
Que eu vou chegar à noite,
com aquele ar de cansado.
E vou te ver vendo TV,
com aquele seu jeitão calado.
Que eu vou dormir tão logo,
e deixar o ventilador ligado,
pra ao sair pela manhã
você não acordar irritado.
Que eu vou observar você estudar,
nas suas favoritas disciplinas.
Que nós vamos trocar idéias,
conversar sobre meninas.
E quando lembro da gente brincando,
é como se te ouvisse me chamando.
Contando-me do seu medo.
Falando-me do seu segredo.
E se às vezes tenho essa sensação estranha,
que cisma em me acompanhar.
É porque o que passou, passou.
E nada mais eu posso mudar...
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