"Não sou este corpo que possui um espírito, mas sou o Espírito que fala por este corpo."

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Poema Boa Lembrança

BOA LEMBRANÇA



Então lembro da minha primeira paixão de infância
Uma menina que conheci na 3ª série do ensino primário
Era algo ingênuo, hoje hilário
Nunca sequer a beijei, não existiu qualquer conotação sensual
Éramos crianças, tudo natural

Com a naturalidade da felicidade
E a felicidade é assim
Inocente e Infantil
Hoje brilha e já partiu

E a felicidade é assim
Ver minha esposa acordar de bom humor
Um sorriso doce, espreguiçando de torpor

E a felicidade é assim
Sonhar com meu irmão, sonho bom
Lembrar do sonho e do timbre da sua voz
Tal como se ele estivesse aqui

É passar na rua daquela velha infância
Lembrar as partidas de bola e a tarde de verão ali passada
Quando a tal rua nem era asfaltada

Felicidade é ver a ternura da risada do bebê
É beber um café forte num domingo frio

É lembrar meu pai na varanda encerada
O cigarro, a cerveja, ouvia Caetano
O Sol esquentando, carvão queimando
Ele feliz, acreditando na sentença bandida:
"de doce já basta a vida"

E a felicidade é assim
Lembrar que os parentes se visitavam
Mesmo sem convites
Lembrar que os familiares se falavam

Felicidade é acreditar que a humanidade ainda tem esperança
Mesmo vendo o STF deixar abortar a criança

Mas incomoda perceber
Felicidade é apenas uma boa lembrança.


Raphael V. Tavares


2 comentários:

  1. Filhão, ainda acho que a felicidade deve ser algo que devemos buscar, mas a época a que se refere neste texto, vinha de maneira muito natural.
    Mil beijos e obrigado pela competência em retratar momentos tão especiais.
    Seu Pai

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  2. Lindo! Precisamos de muito pouco, para lembrarmos que somos felizes! Mas tarde também, lembraremos que neste instante que já será passado, tem o bom é o belo registrado também... Parabéns filho! Te amo muito.

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O mal é a ausência do bem, assim como a escuridão é a ausência da luz.
Desta lógica, um dia será inadequado usar a palavra “morte” para falar da situação dos que já se foram, pois que a morte é a ausência da vida, mas aqueles que partiram ainda vivem, numa vida paralela a nossa!