"Não sou este corpo que possui um espírito, mas sou o Espírito que fala por este corpo."

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Amor a Dois

Amor a Dois

Como pode um amor resistir ao tempo? Na realidade, amor real não sofre com o tempo, amor puro não se gasta e não enfraquece com o passar das folhas do calendário.
O problema é que a maioria dos amores não são puros. Os amores são imperfeitos, são mais grandes afeições do que amores reais. Ainda amamos querendo algo em troca, tem que haver o retorno, ninguém se entrega pura e simplesmente, assim, de graça. Isso é muito natural, ele se dedica, se dá, renuncia às suas preferências em nome dela, então se não tiver a compensação, não tiver a assistência da companheira, a falta será sentida e a lacuna será percebida.
O amor puro não espera nada em troca, ama-se unicamente pelo fato de amar e isto já lhe basta. Mas vamos falar do amor humano e não do amor divino. O amor humano é um tanto egoísta, exige ser reconhecido e recompensado, é nesse que nos identificamos, é este o amor que sentimos.
Então, depois de certo tempo, o sorriso dele já não é o sorriso mais aguardado do mundo, o olhar dela já não é assim mais tão profundo, a mágica acabou, o encanto cessou, ele não fica mais em pé na porta do trabalho dela esperando, não existe mais aquela vontade louca de ficar se beijando. As brigas tornam-se rotineiras e íntimas conhecidas dos dois, dada à freqüência com que ocorrem. O fervor da paixão fica morno, um ar frio insiste em pairar sobre suas cabeças e sobre seus corações, as mensagens do celular não são mais trocadas, as conversas do telefone ficam cada vez mais rasas.
De repente ela resolve viver sua vida, e ele tenta viver a dele também, mas os dois esquecem que a vida deles tinha se tornado uma só e tentam buscar uma independência que na verdade é só um véu encobrindo um sentimento oculto que murmura perguntando: Será que eu posso viver sem ele? Posso continuar sem ter que me doar tanto?
Ela decide sair só com suas amigas, ele não tem amigos, mas finge ter, e então força uma vida social que nunca foi a sua e tenta sair só com os seus amigos também. No fundo ambos estão se enganando, estão apenas se martirizando e lá dentro eles sabem, que o amor deles está se desgastando.
Talvez ele tenha se tornado possessivo e acabou até tentando exercer um domínio e um controle sobre ela, com o seu jeito carinhoso e protetor. Ela, com a sua independência, não admitiu ser controlada ou domada, mas, na realidade ele só queria era protege-la.
Este poderia ser só um dos motivos do conflito de egos.
Talvez ela tenha sido muito ciumenta e com a sua sensibilidade pretendia ser o único objeto de desejo dele. Por não conseguir, sofreu desesperadamente com a desilusão.
Ela cansou de ser carente e decidiu mudar, ele não conseguiu continuar indiferente e acabou, por sua vez, tornando-se o carente.
Ela agora quer ser rude, ele se encontra numa fase onde está delicado, ou ao contrário, ela está sensível e ele então se esfriou.
No entanto, ambos são bastante decisivos e persistentes nas coisas que querem.
Assim, se ele quiser continuar na sua exigência e ela quiser continuar no seu distanciamento, ambos ficarão nos seus mundos. Porém, se eles decidirem ser mais tolerantes e maleáveis, provavelmente também conseguirão. A questão é a opção a ser escolhida e ser pretendida pelos dois.
Então, numa noite fria ela se pega pensando nele e em como era bom deitar sem medo sobre o seu confortável peito. Já ele é surpreendido fitando-a durante um indeterminado instante, sem que ela perceba que está sendo observada, nota então o seu jeito e, como ele gosta de viver na extrema nostalgia, relembra aquela parte ingênua e menina dela que um dia o cativou.
Sofredor será aquele que amar achando que o amor requer uma conta a se pagar, e sofrerá com a desilusão de nem sempre receber aquilo que for esperar. Ame... ainda que o seu amor não tenha a devida gratificação, ame, sem ter que aguardar que o outro lhe peça perdão.
E se na sua reflexão o amor lhe foge a razão, não tente entendê-lo, apenas ame com todo o seu coração.

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O mal é a ausência do bem, assim como a escuridão é a ausência da luz.
Desta lógica, um dia será inadequado usar a palavra “morte” para falar da situação dos que já se foram, pois que a morte é a ausência da vida, mas aqueles que partiram ainda vivem, numa vida paralela a nossa!