"Não sou este corpo que possui um espírito, mas sou o Espírito que fala por este corpo."

quarta-feira, 21 de março de 2007

Um dia ao Maracanã eu irei

Chegando da faculdade e ouvindo os comentários sobre a parte de esportes do telejornal, lembrei de como Vitor adorava futebol, diferentemente de mim. Na infância e início da adolescência cheguei a dar uma certo valor para isso, acompanhava os jogos e de certa forma posso até dizer que "torcia".
Entretanto, hoje não vejo nas partidas de futebol nada mais do que mero passatempo que não me enche tanto os olhos, como passei a dar muito mais valor ao meu tempo, dificilmente me disponho a ficar assistindo uma partida inteira quando poderia estar fazendo algo, na minha opinião, mais importante e que terá real influência sobre minha vida.
Porém, quando sou levado a entrar nesse meio "futebolístico", algo que mais me interessa é lembrar do meu irmão e da sua paixão pelo futebol.
É inegável a energia que é sentida e distribuída na torcida durante uma partida de futebol, como num clássico no Maracanã, pude vivenciar isso algumas vezes e digo que é realmente envolvente.
Pensando nessa energia imaginei que ela pudesse chegar até Vitor onde ele estiver, já que ele gostava tanto disso. Selei comigo mesmo então o compromisso de voltar algum dia ao Maracanã e de lá mandar essa vibração para meu irmão.

POIS QUEM ESPERA SEMPRE ALCANÇA
Um dia ao Maracanã eu irei
Na torcida do Fluminense ficarei
O sincronismo dos cantos ouvirei
Olhando ao Céu pergunto
Ouviu isso Vitinho? Emocionar-me-ei!

Um dia lá vou estar
Como outrora tu estiveras
Vou me arrepiar quando vibrar
Quando aquele mar de gente o hino cantar
Ao sentir aquela energia, qual uma onda a se espalhar

Ganhar ou perder eu não sei
Valho-me apenas de que vitorioso sairei
Desta vez então me perguntarei
Por que mais momentos como este,
em tua companhia não presenciei?

Fitando a bandeira tremular
As palmas se encontrando no ar
Camisas nas mãos a rodar
Ah! Tantas vezes, bem sei, felicitou-se
na simplicidade de ver o seu time jogar

Um simples que mesclava-se com o complexo
Complexo porque de tão simples fazia-o se alegrar
De tão simples era capaz de lhe arrancar sorrisos
Na simplicidade em que tu encontravas
Encontravas um modo de se contentar

Virtude dos desmaterializados
Idoneidade singular
Das mais simples coisas,
a felicidade retirar

“Vence o Fluminense, com o Verde da Esperança,
pois quem espera sempre alcança”

Eu espero
E vou um dia te encontrar
Eu te alcanço
Mesmo que não seja com o olhar

A bola rola
A lágrima também irá rolar
A torcida grita
Meu coração também quer gritar

Valeu meu irmão
Valeu Vitor
Torça do lado de lá
Raphael Vieira Tavares

quarta-feira, 14 de março de 2007

Ai Palavras

"Ai palavras, ai palavras
Ai palavras que estranha potência a Vossa!"
Cecília Meireles

O trecho do poema acima, da ilustre poeta, sintetiza bem o que eu percebo cada dia mais. As palavras tem vasto poder, poder de comunicação, poder de ligação, me apaixono mais e mais pelas palavras.
A fonte de prazer e de inspiração que sinto com as palavras não parece cessar, basta me dispor de vontade e de tempo e então começo a versar.
Agradeço novamente a Deus, antes de tudo, por me dar oportunidade de conseguir realizar tal ato, que tanto me satisfaz.

CONHECIMENTO

Hoje tua falta não me deixa mais tão inconformado
Sabendo que quando puder estará sempre ao nosso lado
Sei que o seu lugar à mesa ainda está vago
Porém bem sei, que no coração, seu espaço ficará sempre ocupado

Compreendo toda dificuldade quanto a sua adaptação
Se de início não aceitamos,
por que diferente seria tua reação?
Mas, assim como nós, tu também entendes o questionamento
Pois que juntos aprendemos e desenvolvemos nosso esclarecimento

Fui testemunha dessa tua informação peculiar
Conhecimento sublime que te amparou do lado de lá
Quando lembrar das reuniões que aos Sábados íamos procurar
Decerto também lembrará que alguns churrascos valeram se sacrificar

Ao me pegar refletindo sobre como estará
É como ouvisse tua voz alegre a exclamar:
Obrigado minha mãezinha, obrigado por me ensinar
Que a Vida continua, que a Vida não pode acabar!

Na busca do meu objetivo, de um dia te encontrar
Você me deu várias lições, me fez querer melhorar
Seguindo nesse caminho não posso fraquejar
Você é relevante motivo para me fazer amar

Não apenas amar
Mas amar e conscientizar
Quero estar em tua freqüência
Quero contigo me sintonizar

Vontade sempre eminente
Vontade que nunca some
Vontade de se elevar
De fazer o bem em teu nome

Não obstante às leis Divinas
Vamos juntos caminhar
Você na verdadeira Vida
Eu seguindo do lado de cá

Escolhemos o amor como nosso almejante norte
Pois sabemos que tal sentimento não se extingue com a morte
Sabemos ainda, sabedoria que se faz forte
Que não somos guiados ao acaso,
não somos meros joguetes da sorte

E embora a matéria já se encontre na escuridão
Imponente é o holofote que emana do coração
E nada nos impedirá de darmos a nossa mão
Mesmo que seja ainda paralela a direção

De mãos dadas seguiremos, fortalecendo essa união
Na aliança do pensamento, traduzimos nossa unção
O estudo não se encerra, longa estrada da informação
Cultivaremos essa semente,
que nos amplia a opinião
Raphael Vieira Tavares

quinta-feira, 8 de março de 2007

Poema Irmão

IRMÃO

Estarei condenado a degustar essa saudade?
Saudade que a cada alvorecer visita meu coração
Eu que nunca tive muitos amigos
Vi partir então meu único irmão

E na última festa que eu comparecer
Será difícil de não me entristecer
Bastará para isso eu reviver
Aquelas cenas que não quero esquecer

Nós dois juntos, boa lembrança
Se divertindo na pista de dança
Sorrindo, cantando, não importa a canção
De frente um pro outro, irmão com irmão

E quando um gol o Fluminense marcar
Alterando a seu favor o placar
Do seu robusto grito irei me lembrar
E de como se alegrava...
Ao ver seu time ganhar

E quando no futuro o menino despertar
Sem notar que eu estava a lhe olhar
Com maior orgulho irei lhe falar
Filho, seu tio adoraria te encontrar

E quando no futuro eu me formar
E todos os sucessos que eu alcançar
No meu íntimo irei pensar
Que o maior parabéns que poderia ganhar
Seria seu sorriso fraterno a me acalentar

Bem sei que o futuro é incerto
No entanto, a sensação de que me atesto
É de que as conquistas serão apenas resto
E então não serei mais tão feliz
Não serei mais feliz por completo

Às vezes a saudade aperta demais
Então me comunico com meu irmão
Conto-lhe como foi o meu dia
Conto-lhe em forma de oração

Comunico-me só no pensar
Comunico-me até em versar
Comunico-me pelo coração
Existiria mais sublime modo...
De estabelecer comunicação?!

Às vezes espero respostas
Não ouço, mas as sinto chegar
Chegam em forma de lágrimas
Assim eu sinto ele me tocar

Assim eu sigo lhe amando
No meu âmago do crer
Na minha essência da emoção
Mais uma vez eu lhe digo
Boa noite meu irmão!
Raphael Vieira Tavares

quarta-feira, 7 de março de 2007

Descobrindo a Poesia

De repente, sentado à mesa, só o papel de rascunho e a caneta... esses instrumentos me servem de alívio, através deles arrisquei algumas palavras, depois formaram-se versos, bastava esperar e as palavras me vinham à mente, como que num sopro do esclarecer.
Sempre gostei de escrever, de fato, mas nunca me arriscara no mar da poesia, sempre preferi a dissertação, os textos, para a poesia, acreditava eu, era preciso ter dom, sensibilidade, essência sutil. Não sei se defini ao certo quais são os requisitos para se fazer um poema, claro que não, para fazer um poema é necessário antes de tudo, antes destes requisitos, sentir o poema, daí então conseguir colocar seu sentimento nas palavras. Amigas e sábias palavras!
Quão confortante é sentir algo, por mais doloroso e melancólico que tal sentimento seja, então conseguir fazer com que as outras pessoas percebam com bastante lealdade o que você tentou expressar. Nasce o Poema.
Através dele eu me expresso, por ele exibo meu íntimo sentimento, divido com quem quiser ler. Sublime modo descobri para homenagear meu irmão, seja em prosa ou em verso.
Ser poeta não é um título acadêmico, tão pouco uma posição social, qualquer um que seja capaz de sentir sua própria poesia já será um Poeta.
Ser Poeta é, enfim, um estado de espírito!

Abaixo segue outro Poema que redigi para ele.


VITOR


Via Vitor e não poderia vislumbrar
Que algo mórbido pudesse dele brotar
Antítese da melancolia e da consternação
O esplendor de juvenil alegria,
fulgurava do seu coração

Alegria que sorria
Alegria que contagia
Alegria que agora é nostalgia

Usufruiu bem de cada idade
Sempre atrás dessa tal Liberdade
E não é que o Vitinho, com sua diversidade,
nos ensinou buscar a nossa Felicidade?!

As lembranças visitam-me a mente
Decerto que nunca far-se-ão ausentes
Como quando ao violentarmos a madrugada
Uma confidência era então revelada
Sendo assim a Fraternidade...
mais uma vez explorada

Ainda chego em casa na ilusão
De tocar a palma da sua mão
Encontro então o vazio do quarto
E no eco do espaço
Lembro daquele último abraço

Um abraço nem tão duradouro assim
Todavia, eternamente guardado em mim

Como compreender sem chorar?
Como lembrar e suportar?
A prova está aí, temos que encarar
Entendendo que sua existência terrena
Tinha um tempo para expirar

Entretanto temos que lembrar
Que a verdadeira Vida está do lado de lá
Vida leve e sem as expiações
Que aqui temos que enfrentar

Sem angústias e aflições
Sem nosso medo habitual
Sem a matéria brutal
A Vida de que vos falo
É a Vida Espiritual!

Vitor, verdade, virtude
Vitor, vibrante, vicissitude
Vitor, veemência, vigor
Vitor, saudade, amor

Vitor convivência varrida
Vitor domador da sua Vida!
Raphael Vieira Tavares

Poema Saudade

Saudade
Saudade é uma latente ardência
Eu, na minha incondicional insistência
Guiado pela própria carência
Descubro que é também a Saudade
Uma forma que exprime a ausência

De repente, num segundo, a diferença nele está
Num instante tudo muda, a vida se modificará
Não há mais o que fazer, o tempo não revogará
O passado não se faz presente
Temos que aprender lidar

Difícil compreender, difícil se conformar
Nosso próprio egoísmo não deixa,
queremos Vitor para brincar
Qual a outra opção,
será que só nos resta chorar?

Cada dia mais lúcido eu vos digo
Digo-lhes convidando a pensar
Resta-nos mais do que isso
Resta-nos chorar, orar e amar

Choro porque sinto dor
Oro pra Deus ajudar
Amo porque Vitor é digno,
de me fazer lhe amar

É duro, é rude, é bruto
Não cabe a nós contingenciar
Ora queremos a saudade longe
Ora queremos ouvi-la falar

Muitos não entendem
Compreensivo, afinal, não é fácil resignar
Talvez não possamos entender
A própria razão se abstém de tentar

Os desígnios de Deus são imprescindíveis
Com certeza um dia iremos captar
Enquanto isso seguimos lembrando
Amigo é o tempo que nos faz conformar

No entanto, é esse mesmo tempo
Que às vezes nos é salutar
Que traz de volta a Saudade
Fazendo a danada aumentar
Raphael Vieira Tavares


O mal é a ausência do bem, assim como a escuridão é a ausência da luz.
Desta lógica, um dia será inadequado usar a palavra “morte” para falar da situação dos que já se foram, pois que a morte é a ausência da vida, mas aqueles que partiram ainda vivem, numa vida paralela a nossa!